A indisciplina como aliada
Ela atrapalha e incomoda, mas se for trabalhada de forma adequada pode ajudá-lo a conquistar a turma neste novo ano.
Ano novo, novos desafios. O maior deles, provavelmente, é conquistar a turma, fazê-la produzir mais do que o esperado, criar condições para que todos aprendam. Por isso, preparamos duas reportagens para começar as aulas com o pé direito. Veja aqui sugestões para transformar o pátio num verdadeiro ambiente educativo, capaz de reduzir a agressividade dos estudantes e ajudá-los a se tornar mais participativos e menos indisciplinados, o tema desta página.
Como lidar com os grupinhos que não param de conversar e não participam das atividades? E com os que, semana após semana, deixam de fazer a lição? Sem falar nos problemas mais graves, como a falta de respeito dentro da classe, os xingamentos e, o pior, as agressões verbais e físicas.
Autoridade se constrói
É impossível falar de indisciplina sem pensar em autoridade. E é impossível falar de autoridade sem fazer uma ressalva: ela não é dada de mão beijada, mas é algo que se constrói. Ou seja, ter autoridade é muito diferente de ser autoritário (leia o quadro abaixo). Dizer "não faça isso", ameaçar e castigar são atitudes inúteis. O estudante precisa aprender a noção de limite e isso só ocorre quando ele percebe que há direitos e deveres para todos, sem exceção.
Um professor autoritário... Um professor com autoridade...
...exige silêncio para ser ouvido; ...conquista a participação com atividades pertinentes;
...pede tarefas descontextualizadas; ...mostra os objetivos dos exercícios sugeridos;
...ameaça e pune; ...escuta e dialoga;
...quer que a classe aprenda do jeito ...procura adequar os métodos às necessidades da turma;
que ele sabe ensinar;
...não tem certeza da importância do ...valoriza o conteúdo de sua disciplina na
que está ensinando; construção do conhecimento;
...quer apenas passar conteúdos; ...adapta os conteúdos aos objetivos da educação e realidade do aluno;
...vê o aluno como um a mais. ...vê o aluno como um ser humano.
O professor precisa desempenhar seu papel o que inclui disposição para dialogar sobre objetivos e limitações e para mostrar ao aluno o que a escola (e a sociedade) esperam dele. Só quem tem certeza da importância do que está ensinando e domina várias metodologias consegue desatar esses nós.
"A indisciplina é uma das maneiras que as crianças e os adolescentes têm de comunicar que algo não vai bem". Por trás de uma guerra de papel podem estar problemas psíquicos ou familiares. Ou um aviso de que o estudante não está integrado ao processo de ensino e aprendizagem, Cintia Copit Freller, professora de Psicologia Escolar do Instituto de Psicologia da USP. O truque é transformar a contestação em aliada, dando atenção ao jovem e ajudando-o a entender o que o incomoda.
"Quando há relacionamento afetuoso, qualquer caso pode ser revertido em pouco tempo", afirma Tânia Zagury, psicóloga e pesquisadora em educação.
Como enfrentar os "rebeldes":
Esqueça a imagem do aluno "ideal";
Observe a criança e o grupo com atenção; Procure criar situações, com histórias ou brincadeiras, que levem a turma a refletir sobre o comportamento de um ou mais colegas, sem expô-los;
Converse com os que atrapalham a aula, ouvindo suas razões; Não abra mão do objeto de seu trabalho, que é o conhecimento;
Não rotule o aluno, em hipótese alguma; Diferencie as aulas, evitando rotinas;
Esclareça as conseqüências para a aprendizagem das atitudes consideradas inadequadas; Lembre-se de que os conteúdos podem ser atitudinais, e não apenas factuais e conceituais.
"É nossa função dizer à turma tudo o que cabe a ela para facilitar o ensino", diz. "Em contrapartida, devemos mostrar empenho em fazer todos aprenderem. Só assim os jovens encontram sentido nos conteúdos e participam mais."
Com responsabilidade, todos devem dizer o que querem e o que não querem que aconteça neste ano letivo que se inicia. Vale a pena redigir essa carta de intenções. Pode chamar de contrato mesmo, ou de combinado. As regras podem valer para o ano todo ou para uma atividade específica. Como em todo diálogo, esse também pressupõe a possibilidade de rever posições, se necessário. Assim, todos vão incorporar e cumprir as normas de conduta. E a indisciplina, que antes incomodava, se transforma numa grande aliada.
Fonte: Revista Nova Escola
Ela atrapalha e incomoda, mas se for trabalhada de forma adequada pode ajudá-lo a conquistar a turma neste novo ano.
Ano novo, novos desafios. O maior deles, provavelmente, é conquistar a turma, fazê-la produzir mais do que o esperado, criar condições para que todos aprendam. Por isso, preparamos duas reportagens para começar as aulas com o pé direito. Veja aqui sugestões para transformar o pátio num verdadeiro ambiente educativo, capaz de reduzir a agressividade dos estudantes e ajudá-los a se tornar mais participativos e menos indisciplinados, o tema desta página.
Como lidar com os grupinhos que não param de conversar e não participam das atividades? E com os que, semana após semana, deixam de fazer a lição? Sem falar nos problemas mais graves, como a falta de respeito dentro da classe, os xingamentos e, o pior, as agressões verbais e físicas.
Autoridade se constrói
É impossível falar de indisciplina sem pensar em autoridade. E é impossível falar de autoridade sem fazer uma ressalva: ela não é dada de mão beijada, mas é algo que se constrói. Ou seja, ter autoridade é muito diferente de ser autoritário (leia o quadro abaixo). Dizer "não faça isso", ameaçar e castigar são atitudes inúteis. O estudante precisa aprender a noção de limite e isso só ocorre quando ele percebe que há direitos e deveres para todos, sem exceção.
Um professor autoritário... Um professor com autoridade...
...exige silêncio para ser ouvido; ...conquista a participação com atividades pertinentes;
...pede tarefas descontextualizadas; ...mostra os objetivos dos exercícios sugeridos;
...ameaça e pune; ...escuta e dialoga;
...quer que a classe aprenda do jeito ...procura adequar os métodos às necessidades da turma;
que ele sabe ensinar;
...não tem certeza da importância do ...valoriza o conteúdo de sua disciplina na
que está ensinando; construção do conhecimento;
...quer apenas passar conteúdos; ...adapta os conteúdos aos objetivos da educação e realidade do aluno;
...vê o aluno como um a mais. ...vê o aluno como um ser humano.
O professor precisa desempenhar seu papel o que inclui disposição para dialogar sobre objetivos e limitações e para mostrar ao aluno o que a escola (e a sociedade) esperam dele. Só quem tem certeza da importância do que está ensinando e domina várias metodologias consegue desatar esses nós.
"A indisciplina é uma das maneiras que as crianças e os adolescentes têm de comunicar que algo não vai bem". Por trás de uma guerra de papel podem estar problemas psíquicos ou familiares. Ou um aviso de que o estudante não está integrado ao processo de ensino e aprendizagem, Cintia Copit Freller, professora de Psicologia Escolar do Instituto de Psicologia da USP. O truque é transformar a contestação em aliada, dando atenção ao jovem e ajudando-o a entender o que o incomoda.
"Quando há relacionamento afetuoso, qualquer caso pode ser revertido em pouco tempo", afirma Tânia Zagury, psicóloga e pesquisadora em educação.
Como enfrentar os "rebeldes":
Esqueça a imagem do aluno "ideal";
Observe a criança e o grupo com atenção; Procure criar situações, com histórias ou brincadeiras, que levem a turma a refletir sobre o comportamento de um ou mais colegas, sem expô-los;
Converse com os que atrapalham a aula, ouvindo suas razões; Não abra mão do objeto de seu trabalho, que é o conhecimento;
Não rotule o aluno, em hipótese alguma; Diferencie as aulas, evitando rotinas;
Esclareça as conseqüências para a aprendizagem das atitudes consideradas inadequadas; Lembre-se de que os conteúdos podem ser atitudinais, e não apenas factuais e conceituais.
"É nossa função dizer à turma tudo o que cabe a ela para facilitar o ensino", diz. "Em contrapartida, devemos mostrar empenho em fazer todos aprenderem. Só assim os jovens encontram sentido nos conteúdos e participam mais."
Com responsabilidade, todos devem dizer o que querem e o que não querem que aconteça neste ano letivo que se inicia. Vale a pena redigir essa carta de intenções. Pode chamar de contrato mesmo, ou de combinado. As regras podem valer para o ano todo ou para uma atividade específica. Como em todo diálogo, esse também pressupõe a possibilidade de rever posições, se necessário. Assim, todos vão incorporar e cumprir as normas de conduta. E a indisciplina, que antes incomodava, se transforma numa grande aliada.
Fonte: Revista Nova Escola
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